Primeiros Socorros em casos de Hemorragia
Publicado por INBRAEP em 23 de junho de 2020
A hemorragia é um sangramento que ocorre de forma descontrolada através de ferimentos, podendo ser externa, por meio das cavidades naturais, cortes ou perfurações, e interna, sendo resultante de um traumatismo que pode levar a vítima à morte rapidamente. As hemorragias internas são sangramentos que não são visíveis, por vazarem em uma cavidade, como intestino ou interior do crânio.
Podem ser causadas por lesões como fraturas ou ferimentos profundos ou, também, espontaneamente. É uma situação muito grave, porque, embora não saia do corpo, o sangue deixa de fazer parte da circulação, podendo evoluir para estado de choque e/ou exercer pressão, quando acumulado, lesando órgãos como pulmões e cérebro.

Sintomas de hemorragia interna
Entre os sinais e sintomas que podem indicar hemorragia interna, podemos encontrar: hematomas extensos sobre o abdômen e tosse com secreção espumosa e sanguinolenta. Além destes sintomas, pode-se verificar a existência de hemorragia interna por meio do teste da perfusão capilar. Após o sangue sair do coração, ele passa por artérias e vasos de diâmetros menores se espalhando pelo corpo, esses vasos são chamados de capilares.
Sendo assim, a perfusão capilar consiste em uma manobra destinada a avaliar a velocidade de enchimento do leito capilar após pressionar a polpa de um dedo, ou seja, ao pressionar a unha ela ficará branca e ao soltar ela deverá retornar a circulação normal em até 2 segundos, após esse tempo será considerada hemorragia interna.

Primeiros socorros diante de hemorragia interna
Obtendo a confirmação da hemorragia interna, deve-se acionar o serviço médico de emergência imediatamente pois o tratamento da hemorragia interna só pode ser feito em ambiente hospitalar. No entanto, o atendente de emergência pode começar os procedimentos de primeiros socorros enquanto o serviço médico não chega no local.
Por exemplo, no caso da vítima estar consciente, o necessário é tentar acalmá-la, mantê-la acordada e afrouxar suas roupas. É necessário lembrar que em caso de fraturas nos membros inferiores ou na coluna cervical, não deve ser realizada a elevação, nessas situações, deve-se mover a vítima só em último caso, realizando a viragem em bloco para evitar complicações.

Hemorragias Externas
As hemorragias externas são de fácil localização, estão relacionadas com feridas e podem ocorrer em camadas superficiais da pele por corte ou perfuração, ou mesmo atingindo áreas mais profundas através de aberturas ou orifícios gerados por traumas. Este tipo de hemorragia pode ser contida utilizando técnicas de primeiros socorros e podem ser de origem arterial, venosa ou capilar, dependendo dos vasos atingidos:
- Hemorragias arteriais: É quando ocorre a perda de sangue de uma artéria, o sangue é de coloração viva, vermelho claro e derramado em jato, conforme o batimento cardíaco. Geralmente é rápida e de difícil controle. Uma artéria lesada pode produzir grandes jatos de sangue, esvaziando rapidamente o suprimento necessário à circulação, no organismo.
- Hemorragias venosas: Perda de sangue por uma veia, a cor do sangue nesta hemorragia é vermelho escuro e escorre do ferimento sem esguichos rítmicos. Esta hemorragia precisa ser controlada rapidamente pois pode oferecer risco de morte.
- Hemorragia capilar: Neste caso, o sangue escorre lentamente pelo ferimento e pode parar sozinho. Esta hemorragia é normalmente muito fácil de interromper por meio de pressão direta e não apresenta risco de morte à vítima.

Primeiros socorros diante de Hemorragia Externa
Por ser mais fácil de identificá-las por meio de seus três níveis de gravidade, as hemorragias externas também podem ser controladas por meio de passos simples, mas se o problema da vítima for resultado de um afogamento ou de algum problema ventilatório, o recomendado é cuidar primeiramente desta emergência por 2 minutos e, então, acionar o Serviço Médico de Emergência – SME. Caso contrário, ligue primeiro. Entre os procedimentos para controlar hemorragias externas, temos:

Pressão direta sobre o ferimento
Quase todos os casos de hemorragia externa podem ser controlados pela aplicação de pressão direta na ferida, o que permite a interrupção do fluxo de sangue e favorece a formação de coágulo que cessará o sangramento. Preferencialmente, deve-se utilizar compressa esterilizada sobre a área prejudicada, pressionando firmemente por 10 a 30 minutos. Em seguida, o ideal é fixar a compressa com bandagem. Em grandes sangramentos, não deve-se perder tempo em localizar uma compressa mas fazer a pressão direta com um pano limpo ou toalha.
A pressão deve ser avaliada periodicamente para verificar se a hemorragia parou ou diminuiu, de qualquer forma, é necessário continuar monitorando os sinais vitais da vítima e depois de acionar o serviço de emergência somente aguardar a chegada para que a vítima receba melhor atendimento.

Bandagem de pressão
A bandagem deve ser colocada sobre o curativo estéril ou pano limpo que está cobrindo o ferimento enquanto aplica pressão direta sobre ele, caso ela fique ensopada de sangue, deve-se colocar outro curativo estéril ou pano limpo sobre ela e enrolar outra bandagem por cima. Os curativos estéreis, panos ou bandagens ensopadas nunca devem ser removidos, pois o sangue coagulado ajuda a conter a hemorragia.
Ao aplicar bandagens, elas devem estar moderadamente apertadas mas sem interromper totalmente a circulação sanguínea, ou seja, se colocada no braço por exemplo, os dedos não devem perder a coloração natural. Além disso, ela deve ser enrolada de modo uniforme e plano ao redor do ferimento, não permitindo que ela fique torcida.

Elevação da área traumatizada
A elevação da área fraturada acima do nível do coração ajuda a diminuir o fluxo de sangue e para ter melhores resultados, este método deve ser aplicado simultaneamente ao da pressão direta. No entanto, não deve-se utilizá-lo em caso de fraturas, luxações ou de objetos cravados na extremidade.

Pressão Indireta
Se a pressão direta e a elevação não forem suficientes, o sangramento de uma artéria poderá ser controlado comprimindo-se um ponto de pressão, que é um local onde a artéria fica próxima a uma estrutura óssea e à superfície da pele. A pressão direta nunca deve ser substituída pela indireta, elas devem ser usadas juntas. O ponto de pressão deve ser pressionado somente pelo tempo necessário para parar o sangramento mas se o sangramento voltar, a pressão indireta deve ser reaplicada.
Os pontos de pressão devem ser usados com cautela, pois a pressão indireta pode causar danos decorrentes do fluxo sanguíneo inadequado. Esse método não deve ser utilizado se houver suspeita de lesão no osso abaixo da artéria. Os pontos de pressão mais usados são o braquial e o femoral.
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Hemorragia Nasal (Epistaxe)
Entre as hemorragias ainda podemos nos deparar com a epistaxe, que se refere à hemorragia nasal. O sangramento nasal pode ser ocasionado por lesão, doença, exercícios, temperaturas extremas, entre outros. Apesar de ser bastante comum, sangramentos nasais intensos podem causar uma perda de sangue elevada. Esta hemorragia é fácil de identificar já que acontece pela saída de sangue pelo nariz de forma abundante e persistente, mas se a hemorragia for grande pode acontecer de sair também pela boca.
Os procedimentos adequados para esta emergência consistem em manter a vítima sentada, imóvel e inclinada para frente de forma que a cabeça e o corpo estejam alinhados impedindo que o sangue seja aspirado. É importante lembrar que a cabeça da vítima nunca deve ser colocada para trás. Sendo assim, deve-se comprimir as narinas durante 10 minutos e, se for possível, aplicar compressas frias.
O atendente de emergência sempre deve usar o bom senso, avaliar toda a situação e optar pelas melhores ações dependendo de cada caso. Sendo assim, podemos concluir que a hemorragia seja ela interna ou externa apresenta grande risco de morte para uma vítima, sendo necessário que se estabeleça o atendimento de primeiros socorros de forma imediata e adequada para que as chances de recuperação sem demais complicações sejam maiores.

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Referências
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BORBA, Dorico; BAUMEL, Luiz. SOCORROS DE URGÊNCIA. PR: [s. n.], 2013.
BAPTISTA, Nelson. Manual de Primeiros Socorros. Portugal: [s. n.], 2008.
Referencial dessa publicação:
INBRAEP - INSTITUTO BRASILEIRO DE ENSINO PROFISSIONALIZANTE (Brasil). . Santa Catarina: Equipe INBRAEP, . Disponível em: . Acesso em: .